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- Reportagem especial da série "Venâncio 6 Meses Pós-Enchentes".

Seis meses depois da enchente histórica de maio, Venâncio ainda vive os impactos da tragédia. A cidade foi severamente afetada, com danos à infraestrutura, à economia local e também ao meio ambiente. Milhares de famílias perderam bens materiais, como móveis, roupas e utensílios domésticos, e muitas áreas da cidade ficaram comprometidas. Contudo, o esforço conjunto da população, da administração municipal e de diversos parceiros têm mostrado que, diante da adversidade, a união e o trabalho árduo são fundamentais para a reconstrução.

Na área ambiental, o início da recuperação foi marcado pela urgência no recolhimento dos resíduos deixados pela enchente. primeira ação foi garantir que os entulhos foram retirados rapidamente das ruas e espaços públicos para evitar danos adicionais. Com o trabalho conjunto das equipes municipais e terceirizadas, mais de 5 mil toneladas de materiais foram removidas da cidade e encaminhadas para o aterro sanitário licenciado de Minas do Leão, onde foram destinadas corretamente.

O processo de destinação dos entulhos foi concluído em agosto, com a finalização do trabalho nos depósitos temporários instalados no antigo complexo da Fundação Ambiental de Venâncio Aires (FAVAN) e em Vila Mariante. Para o secretário de Meio Ambiente, Nilson Lehmen, o grande desafio foi garantir que toda a operação fosse realizada de forma ambientalmente correta e ágil. “A Prefeitura e as equipes externas trabalharam sem parar para garantir que os resíduos da enchente fossem retirados de maneira eficiente”, destaca.

Além da limpeza das ruas e áreas públicas, outro problema acentuado foi a recuperação do Arroio Castelhano, que, após a enchente, ficou obstruído por galhos, sedimentos e resíduos. O problema da obstrução do arroio já era uma preocupação da Prefeitura, mas a enchente agravou ainda mais a situação. "A limpeza do Arroio Castelhano é uma prioridade para nós. Já iniciamos o desassoreamento em setembro, começando pelos pontos mais críticos, especialmente nas imediações da estação de captação de água", contou. Segundo ele, 42 pontos do arroio foram identificados como críticos, e um projeto foi elaborado para promover a limpeza e garantir o fluxo adequado da água. O projeto de desassoreamento foi formalmente encaminhado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (SEDUR) para ser incluído no Programa de Desassoreamento - Eixo 1, que visa apoiar municípios afetados por enchentes.

Enquanto aguardam a liberação de recursos estaduais, as equipes da Prefeitura já estão realizando a limpeza das áreas onde é possível intervir com escavadeiras hidráulicas. Os trabalhos foram realizados junto à ponte sobre o Arroio Castelhano, na rodovia RS-816, e em uma sanga afluente próxima. Além do Arroio Castelhano, o município também já limpou outras diversas sangas e galerias de drenagem, ações que fazem parte de um esforço a fim de reduzir os riscos de novos desastres. "Mesmo sem o retorno do Governo Estadual, estamos avançando com o desassoreamento das áreas onde é possível atuar imediatamente. Esse é um trabalho que não pode parar, porque a segurança da nossa população vem em primeiro lugar", afirmou o secretário.

O processo de recuperação de Venâncio Aires vai além da limpeza das ruas e dos rios. Entre as iniciativas está o Estudo Hidrológico que a Prefeitura já definiu como uma das principais ações para o futuro. Em setembro, foi assinado um contrato com a Caixa Econômica Federal (CEF) para a elaboração do Termo de Referência, que servirá como base para a contratação de uma empresa especializada na realização do estudo. O projeto, possui um valor estimado de R$ 100 mil e norteará para ações futuras, em relação ao Plano Diretor e Plano de Mobilidade do Município de Venâncio Aires, mas principalmente para as ações de reconstrução do Distrito de Mariante e Distrito de Estância Nova, severamente atingidos pelas enchentes.

Embora ainda haja muito a ser feito, a força da comunidade de Venâncio Aires tem sido um exemplo de resiliência. O prefeito Jarbas da Rosa destaca: "Maio foi um mês que mudou a nossa cidade, mas também nos mostrou o quanto somos fortes e unidos. A recuperação está em andamento, e com o apoio de todos, vamos reconstruir Venâncio Aires ainda mais forte."

Resgate e cuidado com os animais

Os animais também foram vítimas da tragédia. Muitos perderam seus lares e ficaram separados de seus tutores. No entanto, as equipes de resgate do Meio Ambiente trabalharam incansavelmente, e durante os dias da enchente, mais de 1.000 animais foram resgatados, entre cães, gatos, aves, suínos, caprinos, bovinos e equinos, vítimas das águas que tomaram o município. A operação de resgate foi uma das maiores mobilizações já realizadas e envolveu uma série de instituições e voluntários. A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) coordenou a ação com o apoio do Corpo de Bombeiros, da ONG Amigo Bicho, dos Protetores Independentes, do Centro de Adestramento Amigos dos Cães, do CT Animal e das clínicas veterinárias parceiras.

“Foi um trabalho intenso, que envolveu muitas mãos e corações, todos unidos em um só objetivo: salvar o maior número de animais possível. Alguns seguiram com seus tutores para os abrigos temporários, outros foram acolhidos em lares temporários de voluntários ou encaminhados para centros de adoção e cuidados veterinários", conta Alessandra Ludwig, assessora administrativa da Semma.

Ao todo, 350 animais foram atendidos diretamente pela secretaria, recebendo acolhimento, alimentação e serviços veterinários emergenciais. Os animais resgatados receberam cuidados médicos, vacinação e tratamentos para ferimentos, além de serem realocados para abrigos temporários em diferentes pontos da região. Muitos desses animais, após serem tratados e cuidados, conseguiram ser reunidos com seus tutores ou, em outros casos, foram adotados por novos donos, dando-lhes uma segunda chance de vida. "Um trabalho que foi muito além do resgate físico. Oferecemos a esses animais, que sofreram tanto, uma oportunidade de um novo começo", afirmou Alessandra.

Bob, um dos cães resgatados, ficou meses em um abrigo improvisado no Parque do Chimarrão, até que encontrou um novo lar. Ernani Villela Nelsis, advogado e morador do bairro Santa Tecla, foi com sua esposa ao Parque durante uma das feiras de adoção e se encantou por Bob. “Assim que o vimos, nos apaixonamos por ele. No começo, levamos ele para casa, mas infelizmente, nosso outro cão não se adaptou bem à companhia dele e tivemos que devolver. Eu sempre pedia notícias do Bob, perguntava como ele estava, porque já estava com saudades dele. Então, depois de um tempo, eu fui buscá-lo novamente. Sabíamos que ele era o que faltava na nossa casa. Ele está bem, está feliz, e nós também estamos, porque queríamos muito que ele estivesse aqui, com a gente", ressalta Ernani.

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Recuperação ambiental como prioridade: desafios e ações no pós-enchente